quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Da Natureza das Comunicações

Tudo se encadeia no Espiritismo, e quando se segue o conjunto, vê-se que os princípios decorrem uns dos outros, apoiando-se mutuamente”. (O que é o Espiritismo)

Estudar O Livro dos Médiuns é algo extremamente fascinante, principalmente quando o fazemos de maneira séria e metódica, buscando aprofundar cada ensinamento e fazendo correlação com o que encontramos nas demais obras que formam a estrutura base do Espiritismo.

O capítulo X da Segunda Parte é um destes que deve ser lido e relido sempre, pois nos trazem excelentes informações acerca não só da natureza das comunicações, mas da importância de sua análise, comparação e pesquisa, para posterior aceitação.

Neste capítulo Kardec se põe a observar “que todo efeito que revela na sua causa um ato de vontade livre, por insignificante que seja, denuncia através dele uma causa inteligente”, e que desta forma, o menor movimento oferecido pelas ‘mesas girantes’ que apresentasse caráter intencional, era o suficiente para ver no fenômeno algo mais que o mero jogo de forças mecânicas, mas, de uma inteligência disposta a permutar idéias de forma regular e contínua.

É desta forma que Kardec é levado a reconhecer que as mesas, as cestas e quaisquer outros utensílios postos e, ou, inventados e colocados entre a mão do médium e o lápis eram dispensáveis. E assim, os próprios espíritos, após os estudos ‘preliminares’ se encarregaram de apresentar os meios mais rápidos e simples de aumentar o fluxo de informações entre os dois mundos, o material e o espiritual: a psicografia e a psicofonia (erroneamente chamada de ‘incorporação’).

“Mas, o que é característico, é a evidente diminuição dos médiuns de efeitos físicos, à medida que se multiplicam as comunicações inteligentes. É que, como bem disseram os Espíritos, o período da curiosidade já passou [...]”. (Viagem Espírita em 1862, impressões gerais, p. 31)

A partir daí, a maior dificuldade seria encontrar uma regra que nos permitisse avaliar o valor das informações e o seu ‘grau’ de veracidade. Kardec nos informa que se houvermos compreendido bem o que consta na Escala Espírita [O Livro dos Espíritos, item 100 e seguintes], será muito mais fácil analisar que as comunicações dos Espíritos refletem exatamente a “elevação ou inferioridade de suas idéias, seu saber ou sua ignorância, seus vícios e suas virtudes”, em suma, tudo o que toca à inteligência e moralidade dos comunicantes.

Por isso, em Obras Póstumas, ele afirmou que “um dos primeiros resultados das minhas observações foi saber que, sendo os espíritos as almas dos homens, não possuem a soberana Sabedoria, nem a soberana Ciência, e que o seu saber era limitado ao grau de adiantamento, assim como sua opinião só tinha o valor de uma opinião pessoal”. E em seguida ele encerra este período com uma noção que muitos médiuns e divulgadores espíritas da atualidade têm esquecido: “Esta verdade, reconhecida desde o princípio, preservou-me do perigo de acreditar na infalibilidade deles e livrou-me de formular teorias prematuras sobre os ditados de um ou de alguns”.

“Essa diversidade na qualidade dos Espíritos é um dos pontos mais importantes a considerar, pois explica a natureza boa ou má das comunicações que se recebem. É sobretudo em distingui-los que nos devemos empenhar”. (O Espiritismo na sua mais simples expressão, I – Dos Espíritos, p. 66)

“Procedi com os Espíritos como teria feito com os homens; considerei-os, desde o menor até o maior, como elementos de instrução e não como reveladores predestinados. (Obras Póstumas, Segunda Parte, A minha iniciação no Espiritismo)

É importante salientar este ponto, pois parece esquecido nos dias atuais. E porque o Codificador nunca perdeu uma oportunidade de relembrar este assunto, acredito ser importante enfatizá-lo.

E é com esta regra geral que ele se propõe a dividir as comunicações em quatro categorias principais, entendendo bem que outras categorias poderiam ser acrescentadas. Cabe destacar, ainda, que à semelhança com o que foi feito na escala espírita, esta é uma estrutura didática, geral e simplificada. Agora vejamos quais são as categorias citadas por Kardec:

As comunicações grosseiras são as que contêm expressões triviais, obscenas, ignóbeis, insolentes, arrogantes e malévolas. Por ferirem a sensibilidade e o decoro só poderiam vir de espíritos de baixa classe, ainda fortemente manchados por todas as impurezas da matéria.

As comunicações frívolas são mensagens zombeteiras, maliciosas, levianas provindas de espíritos despreocupados com qualquer noção de ‘certo’ ou ‘errado’, misturando, às vezes, brincadeiras banais com duras verdades, que ferem quase sempre com justa razão. “A verdade é o que menos os preocupa, e por isso sentem um malicioso prazer em mistificar os que têm a fraqueza e às vezes a presunção de acreditar em suas palavras”.

As comunicações sérias são todas as que, revelando um fim útil, mesmo sobre assuntos particulares, são abordadas de uma forma grave e ponderada.

Entretanto, conforme esclarece o Codificador, elas não são isentas de erros. Os Espíritos sérios não são todos esclarecidos. Há muitas coisas que eles ignoram e sobre as quais se podem enganar de boa fé. É por isso que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam sem cessar que submetamos todas as comunicações ao controle da razão e da lógica mais severa”.

É tão importante este ponto que seria um erro o deixarmos passar em branco. Muita gente se assusta quando se demonstra que os espíritos, mesmo os sérios, não sabem tudo. Outras, entretanto, acham uma heresia apontar equívocos em obras de espíritos que elas entendem como ‘superiores’. Como dissemos, esta é uma sentença importantíssima para tudo que se relacione com ‘análises das informações dos espíritos’.

Ainda cabe ressaltar a importância de distinguir as comunicações verdadeiramente sérias das falsamente sérias. Kardec é quem explica que: “[...] nem sempre é fácil, por que é graças à gravidade da linguagem que certos espíritos presunçosos ou pseudo-sábios tentam impor as idéias mais falsas e os sistemas mais absurdos. E para se fazerem mais aceitos e se darem maior importância, eles não tem o escrúpulo de se adornar com os nomes mais respeitáveis e mesmo os mais venerados”.

Isto está completamente de acordo com esta afirmação: “[...] sabe-se também que os espíritos embusteiros não têm escrúpulos para esconder-se atrás de nomes emprestados, a fim de fazerem aceitar suas utopias” (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo II da Introdução). E “acontece muitas vezes que os espíritos, para fazer adotar certas utopias, afetam um falso saber e tentam impô-las retirando do arsenal de palavras técnicas tudo quanto possa fascinar aquele que acredita muito facilmente. Dispõem, ainda, de um meio mais fácil, que é o de aparentar virtudes. Arrimados nas grandes palavras: caridade, fraternidade e humildade, esperam fazer passar os mais grosseiros absurdos” (Viagem Espírita em 1862, p.163).

Entretanto, “os Espíritos verdadeiramente sábios, quando não se sentem suficientemente esclarecidos sobre uma questão, não a resolvem jamais de maneira absoluta. Declaram tratar do assunto de acordo com a sua opinião, e aconselham esperar-se a confirmação” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Introdução, capítulo II, p. 21).

Isto tudo é tão importante que Kardec afirma ser este um dos escolhos da ciência prática, da Ciência Espírita. Tanto que alguns capítulos de O Livro dos Médiuns são especialmente criados com o fim de auxiliar a superar estes escolhos: XIX, XX, XXI, XXIII, XXIV, XXV, XXVI, XXVII e o capítulo XXXI [que aborda as dissertações espíritas, sobre o Espiritismo, sobre os médiuns, sobre as sociedades espíritas (hoje, centros) e sobre as mensagens apócrifas]. Cabe, ainda, sugerir a leitura do capítulo II da introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, Autoridade da Doutrina Espírita por ser pertinente neste estudo. E isto para ficar somente nestas duas obras.

As comunicações instrutivas são todas as que têm por finalidade principal algum ensinamento dado pelos Espíritos sobre as Ciências, a Moral, a Filosofia, etc.

Neste ponto, a maior ou menor profundidade depende do grau de depuração do espírito e que para recebermos o auxílio de Espíritos de ordem superior devemos ser graves e circunspectos em nossos estudos, mantendo sempre um sincero desejo de se instruir perseverando nos estudos.

Kardec ainda afirma que as comunicações só podem ser instrutivas quando são verdadeiras e que somente as conseguiremos avaliar com precisão e profundidade a não ser pela regularidade e freqüência com que os seus autores se comunicam.

Entretanto, ainda alerta o prof. Rivail: “não poderíamos, pois, incluir nesta categoria certos ensinos que de sério só tem a forma, frequentemente empolada e enfática, através da qual espíritos mais presunçosos do que sábios procuram enganar”.

Contudo, ele afirma que os Espíritos com intenção de mistificar, por não conseguirem suprir o próprio vazio, seria impossível manter as aparências por muito tempo, mostrando rapidamente o seu lado fraco. Só que quem perde tempo, hoje, avaliando e questionando os espíritos? Bastou um, por um médium famoso, para afirmarem não ser mais necessário evocarmos os espíritos, quando temos um livro da Codificação [e a própria juntamente com toda a coleção da Revista Espírita como exemplo desta importância] com o subtítulo: “Guia dos médiuns e dos evocadores”.

Kardec sempre afirmou que devemos ser severos na análise das comunicações, em tudo buscando o aprofundamento, a lógica, a racionalidade, o fim útil e a coerência destas com os princípios que fazem parte do núcleo da Doutrina por serem verdades verificadas, nada mais que Leis Naturais, Divinas.

Como ressaltei no início, o estudo de O Livro dos Médiuns é fascinante, principalmente, quando o fazemos em conexão com todas as outras obras da codificação e Revistas Espíritas, nos permitindo alcançar um entendimento mínimo de toda esta grandiosa estrutura conceitual, filosófica, científica e moralizadora. Bem como deste capítulo, que nos auxilia, junto com os outros já citados, a podermos analisar todas as obras psicografadas ou não, de quem quer que seja e da melhor forma possível.

E disto tudo, ainda poderemos aprender que a doutrina deve caminhar como um navegante experiente, “de sonda nas mãos e consultando os ventos” (Obras Póstumas). Ou seja, nos dizeres de Herculano Pires, pela investigação humana, usando a metodologia da Ciência Espírita e a bússola que é a Codificação e consultando os espíritos, analisando, comparando, pesquisando e questionando os seus ensinos. Não de dois ou três, mas de vários.

Boas reflexões!


Bibliografia:
1. Kardec, A. O Livro dos Médiuns. Tradução da 2ª edição francesa por J. Herculano Pires. São Paulo – LAKE, 2004.
2. _____. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de J. Herculano Pires, 61ª edição. São Paulo – LAKE, 2006.
3. _____. Viagem Espírita em 1862 e outras viagens de Allan Kardec. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª edição, – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005.
4. _____. Obras Póstumas. Tradução de João Teixeira de Paula; Revisão, introdução e notas de J. Herculano Pires, - 14ª edição – São Paulo, LAKE, 2007.
5. _____. O Espiritismo na sua expressão mais simples e outros opúsculos de Kardec. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. – 2ª edição – Rio de Janeiro - Federação Espírita Brasileira, 2007.
6. _____. O que é o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, 71ª edição. Instituto de Difusão Espírita – IDE -, 2008

* Artigo publicado na edição de março da Revista Internacional de Espiritismo com adaptações.

domingo, 8 de novembro de 2009

Forespe 2009 - uma visão panorâmica

Olá amigos e leitores, retorno mais uma vez com a incumbência de trazer para vocês, não só uma exposição de como foi o Forespe, mas a minha opinião sobre o mesmo, seu desenvolvimento e encerramento.

Apenas para relembrar, no outro texto (de 22 de outubro) procuramos deixar bastante claro que apoiamos a existência de eventos que promovam o debate, a pesquisa a troca sadia de impressões com vista ao crescimento pessoal e coletivo. E que, assim, a proposta do Forespe como fórum de debates é mais que válida, senão, imprescindível.

E o tema escolhido para este momento, se não se lembram, foi: "REFLETINDO AS PRÁTICAS ESPÍRITAS NO SÉCULO 21".

Tema que ressalta a importância da fazermos uma releitura de nosso movimento e de nossas 'práticas' para observarmos se estamos atentos aos princípios basilares do Espiritismo, para que possamos contruir nosso edifício sobre a rocha firme e não sobre areia movediça, ou, para não colocarmos tijolos irregulares na construção do edifício espírita. E sobre isto escrevi um texto em fevereiro deste ano (http://analisesespiritas.blogspot.com/2009/02/quando-um-artista-de-talento-se-propoe.html), que vale uma lida atenta para entender o que quero dizer.

Entretanto, destaco em minha opinião que a temática não foi utilizada em toda a sua amplitude. Mas e, acima de tudo, que um recurso extremamente vital pra toda e qualquer reunião não foi devidamente utilizado: a prece, como pedido de harmonização e evocação dos bons espíritos para prestarem conosco seus préstimos nos ajudando nos estudos e debates. Um detalhe de capital importância.

E reitero que estou analisando, quase que exclusivamente, a abordagem dos temas e a proposta temática do evento.

Senão, vejamos rapidamente:

No primeiro dia, tivemos a apresentação do Alkíndar de Oliveira (SP), que abordou o tema: “Tribuna Espírita: do Sermão à Reflexão”, onde a proposta era refletir sobre esta forma de divugação doutrinária tão comum aos centros espíritas. Entretanto, no meu entender, o tema não foi devidamente abordado e ele passou rapidamente para a importância do entendimento do que seja o diálogo na casa espírita em substituição aos tão comuns debates [não fraternos] onde cada participante tenta convencer o outro do erro e não somar experiências em busca de um entendimento mútuo.

Assunto válido, mas, seguindo o roteiro do evento, o foco, exclusivamente, deveria ser a problemática tribuna, onde vemos tão constumeiramente os 'sermões' serem ofertados aos participantes em vez da tão propalada reflexão.

E para não dizerem que não fui honesto, deixo um pensamento do autor que vale a pena ser refletido, quando afirma que o objetivo da exposição é fazer com que o ouvinte saiba “extrair de uma informação, uma forma, uma proposta que leva a pessoa a repensar sua própria existência”.
Entretanto, a palestra não foi ruim, foi boa, mas, objetivamente falando, esperava mais.

Logo após, quem assumiu o microfone foi o Alexandre Simão (PE), que tinha a incumbência de abordar o tema: "O Espaço Espírita como oficina de construtivismo moral".

Sobre este palestrante fiquei com uma impressão muito boa e lamentei que ele não estivesse escalado para um segundo tempo no dia seguinte do evento.

Segundo ele, "O grande desafio (das casas espíritas) é fazer com que essas atividades sejam instrumentos de auto cuidado de quem as usa, ou seja, que promova a mudança íntima de quem a realiza. A pergunta é: como esse trabalho pode mexer comigo como pessoa?".

Ele apresentou de início dados da Unesco sobre a realidade religiosa da juventude mundial e trouxe elementos para discussão em trechos das obras de Michel Foucault e Émile Durkheim, que visam justamente esta reflexão sobre a importância de a instituição espírita facilitar aos participantes momentos de reflexão e crescimento moral em busca de uma melhor condição de vida, através da vivência de experiências sadias, pautadas por princípios éticos [no caso, espíritas] que o integre novamente na sociedade, agora como indivíduo consciente, responsável.

Em minha modesta opinião, este não foi somente o ponto alto do evento, mas o mais claro e objetivo.

Após as duas exposições tivemos o primeiro debate com os dois respondendo às questões levantadas pelos congressistas.

À tarde, após o almoço, retomando as atividades tivemos a palestra do Carlos Pereira (PE), que tinha de abordar o tema: "Revendo os Tratamentos Espirituais", tema que nos dava a impressão de que seria muito bem aproveitado. Entretanto, para início, ele apresentou seis pontos que achava importante antes de abordar o tema do dia, e começou apresentando para avaliação geral duas imagens bastante comuns nos estudos da Gestalt. Citarei apenas os pontos que me lembro: 1) Analisar as coisas sempre por um prisma mais amplo, ou em outras palavras, ter uma percepção ampliada dos eventos e situações; 2) Nunca criticar por criticar nem criticar sem conhecer o mínimo possível e desejável (citando trecho de diálogo da obra O que é o Espiritismo); e 3) ter sempre em mente a necessidade de atualização do Espiritismo por força do progresso (utilizando para isto de um trecho de Obras Póstumas, concernente à constituição do Espiritismo).

Assim sendo, não observamos uma 'reflexão' em torno dos tratamentos espirituais que são práticas comuns nas instituições espíritas, tão somente a exposição do que achavam as entidades Odilon Fernandes, pela mediunidade de Divaldo Franco, e Pai João de Aruanda e Joseph Gleber, por Robson Pinheiro, no qual afirmavam que não havia que se mexer nas práticas já confirmadas pelo tempo, não apresentando melhores argumentos sobre como nasceram, como se praticam hoje e o que poderia ser melhorado, ja que a proposta era 'refletir sobre as práticas espíritas no século XXI'. Pois, no campo do Magnetismo (ou o passe como é conhecido), mesmo com toda a confusão em todo o nosso Brasil, um trabalho magnífico (e sem confusões) que está sendo realizado é o do Jacob Melo com o resgate da concepção do 'passe', hoje magnetismo espírita, de acordo com o que pensavam os Espíritos intrutores de Kardec e o próprio, conforme consta em toda a Codificação e Revistas Espíritas. Aí há campo para imensas reflexões.

Entretanto, uma das informações repassadas por uma destas obras, me permitam a excusa de informar não lembrar em qual obra foi, afirmava ser a imposição de mãos suficiente para o tratamento por passes, o que retrata uma opinião que precisa ser pesada e comparada com a realidade das imensas pesquisas em torno do assunto que demonstram o contrário, que as técnicas do magnetismo, conforme apregoava Kardec e retomado por Jacob, dão muito mais resultados, ou ao menos, nos permitem oferecer um tratamento mais completo em termos de fluidoterapia. E é precisamente isto que falta: pesquisas, comparações, experimentações.

Ainda sobre o Carlos, o restante do seu tempo foi para apresentar e reforçar o que ele entende que deva ser abraçado pelo movimento espírita: a Apometria. Guardamos para nós a opinião que temos sobre esta técnica oriunda da hipnometria, embora consideravelmente revisada e ampliada, mas, é uma pena que os outros tratamentos e reflexões que poderiam ter sido suscitados foram eclipsados pela intenção [louvável] do expositor em fazer prosélitos sobre esta tecnica anímica. Ele nem suscitou reflexões sobre o já estabelecido nem conseguiu expor como queria aquilo que acredita como válido. Uma excelente oportunidade perdida, infelizmente.

O último palestrante do dia foi Simão Pedro (MG), que tinha a incumbência de abordar o tema: “Uma Proposta Pedagógica para a Casa Espírita”. Suas reflexões não giraram em torno da existência de um projeto pedagógico intrínseco ao Espiritismo, conforme nos faz entender a estrutura da obra-máter espírita: O Livro dos Espíritos. Embora válidas as suas reflexões ( como esta: “se o Espiritismo é o Consolador Prometido por Jesus, porque não nos sentimos consolados?”), ficou uma certeza de faltava algo dento da exposição: a Pedagogia Espírita.

Mas vamos a alguns pensamentos destacados dele: ele utilizou a parábola do semeador para exemplificar o movimento espírita. Vejamos: "A semente seria a Boa Nova do Espiritismo; a terra onde ela cai são as pessoas que as recebe, ou seja, nós; e o semeador são as casas espíritas" (conforme o blog do Forespe: http://www.forespe.org/acompanhe.html ).

Ele ainda deixou clara a diferença entre o 'semeador' e 'aquele que sai a semear'. Para ele, e concordamos com o raciocínio 'semeadores' seriam as pessoas 'pagas' para exercer uma profissão, uma função. Exemplo: Pintor é uma profissão, 'aquele que pinta' é uma opção. Portanto, em Espiritismo, não temos (graças à Deus!) a figura do 'semeador', daquele que vive do Espiritismo como 'profissional' remunerado. Temos sim, e isto é o importante, 'aqueles que saem a semear', ou melhor, aqueles que levam os ensinos aos outros por opção, por convicção, e não por interesse pecuniário.

Entretanto, ao afirmar que a casa possui três fundamentos primordiais (fraternidade, esclarecimento e beneficência), ele ainda informa que “É preciso construir uma proposta pedagógica que atenda a essas premissas. São elas que vão definir se a pessoa que chega às nossas instituições se sente ou não acolhida”.

Infelizmente, parece que o autor não deu a devida atenção ao fato de que existe, há muito tempo, uma proposta pedagógica espírita constituída e já devidamente revisada. Tanto que ela tem por expoentes: José Herculano Pires e Thomaz Novelino[década de 70] e Dora Incontri são alguns exemplos de quem divulga e busca tornar acessível a compreensão desta proposta pedagógica.

E principalmente, embora falar de Jesus e seus ensinos seja sumamente interessante e gostoso, não esclarecer e definir o que seja pedagogia, seus objetivos, a existência de uma pedagogia espírita, sua aplicabilidade aos projetos da instituição espírita e não-espírita foi uma 'fuga' ao tema que deixou a desejar. Pois, conforme vimos com os outros, muitas outras reflexões tão importantes quanto poderiam, e deveriam, ter sido suscitadas, avaliadas, ou ao menos citadas. Felizmente, no segundo dia, ele cumpriu a contento a incumbência que lhe foi dada.

Ainda tivemos, para finalizar, mais um debate sobre os assuntos do 'segundo módulo', no qual Carlos Pereira e Simão Pedro tiveram a oportunidade de nos ofertar mais um pouco de suas opiniões sobre os assuntos em questão.

O segundo dia foi pródigo de alegrias e surpresas, além de algumas felizes relexões sobre os temas.

José Herculano Pires, emérito escritor e divulgador do Espiritismo no Brasil e que, nos dizeres de Emannuel, foi o 'melhor metro que mediu Kardec', foi enfático ao afirmar, certa vez, que "Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra".

De outra forma foi este raciocínio utilizado por Acácio Carvalho, secretário executivo de Assistência Social de Pernambuco, na tentativa de demonstrar que os espíritas não aproveitam como deveriam as políticas e recursos da União para melhorarem o atendimento e a assistência social tão ao gosto das instituições espíritas.

Ele começou propondo uma reflexão sobre os antecendentes históricos daquilo que hoje entendemos como política assistencialista, cujo início provável, segundo seus dados seria o Judaísmo, aspecto este reforçado por Jesus, o Nazareno, em cujos ensinos encontramos a regra máxima: Amais a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, além de 'façais ao próximo aquilo que gostaríeis que ele vos fizesse'.

Entretanto, ele consumiu um tempo muito grante ao abordar este aspecto, e acabou produzindo pouco nos outros em termos de reflexões. Ele trouxe informações sobre as declarações da ONU, após a Segunda Grande Guerra, após o ano de 1945, na qual consta a Declaração Universal dos Direitos Humanos, comentou sobre a excelência e vanguarda da nossa Carta Magna, a Constituição Federal, principalemente, no que se refere ao seu discurso, os itens dos artigos 6º, 203º e 1043º. Ainda nos apresentou o modelo de gestão do SUS e do SUAS, que segundo ele, são de interesse do governo de Barack Obama para presente diálogo e futura provável aplicação em terras norte-americanas.

Além de informar sobre a disponibilidade que as intituições espíritas tem de o procurarem em seu gabinete, ou além de informar sobre o CRAS e CREAS. Mais informações aqui: http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas .

São afirmações suas, ainda: “Temos hoje no Estado 80 unidades do Programa Vida Nova que atende à pessoas que ficam nas vias da cidade. As casas espíritas ao invés de levarem essas doações para a rua poderiam levar para esses abrigos, o que desestimularia as pessoas a irem pedir nos sinais” e “As pessoas não sabem, mas a permanência de crianças e adolescentes em sinais e esquinas é crime. A mãe que estiver com uma criança de colo pode inclusive perder a guardar do menor. Ao invés de darmos a esmola, poderíamos nos unir a ações oficiais já existentes para fortalecer o trabalho de assistência com e dar-lhe mais qualidade”.

Entretanto, estas informações foram passadas nos últimos momentos da exposição, o que não permitiu um melhor desenvolvimento das mesmas, entretanto, seu papel, julgava ele, já estava cumprido: informar sobre o histórico e a realidade, em termos e ótica do governo, da assitência social já que ele foi convidado para falar como secretário do governo e não como expositor espírita.

Fernando Clímaco (PE), foi o expositor seguinte e abordou o tema: “Do Assistencialismo à Formação Cidadã”, tendo como pano de fundo a exposição anterior, do Acácio Carvalho.

Ele utilizou trechos da Revista Espírita e livros da codificação para embasar o seu ponto de vista sobre a 'marcha do Espiritismo no mundo' conforme o entendeu Kardec.

E ele lança este pensamento para reflexão: “Porque os trabalhos assistenciais são implantados na instituição sem que pensemos em seus reais resultados”?

Certa vez comentou Rosemere Kiss, expositora espírita de Pernambuco em um artigo cujo título peço escusas ao leitor por não lembrar, onde ele afirma o seguinte: como pode um centro espírita manter em suas dependências três gerações de uma mesma família sem oferecer a elas a necessária formação e orientação para sair daquele situação de dependência?

Refletindo sobre o público que quer atingir, que resultados práticos desejamos atingir com esta ação, como realizá-la permitindo que o assisitido seja elevado à condição de cidadão, adquirindo autonomia são algumas de suas propostas de reflexão.

Principalmente, deveria a casa espírita deixar sua função primordial: o estudo do Espiritismo para transformar em um núcleo social, uma verdadeira ONG? Ou deveriam os espíritas e as instituições buscarem integrar-se, numa compreensão do real objetivo do Espiritismo e do Centro Espírita, conforme apregoou Herculano Pires, já citado anteriormente, na tentativa de criarem projetos paralelos semelhantes ao efetuado pela Casa do Caminho instituição beneficente sob a direção e princípios da instituição espírita Mansão do Caminho, cujo representante famoso é o Divaldo Franco.

Estas reflexões são válidas, pois sempre me perguntei, ao ouvir que devíamos 'diminuir' o nível das exposições doutrinárias no C.E. que faço parte pelo fato de existirem ali pessoas humildes, que muitas vezes não conseguiram, como tantas outras, e por motivos vários, concluir nem mesmo o ensino básico, fundamental. Entretanto, estas mesmas pessoas permaneciam vinculadas à instituição, às vezes, por 5, 7 anos sem que ninguém tomasse a iniciativa de auxiliá-la ou, ao menos, estimulá-la a aprender, para compreender a própria doutrina, a si próprio e se permitir buscar uma vida melhor com uma melhor formação acadêmica. Em quantas casas espíritas isto não acontece da mesma forma? Seria por um defeito de percepção dos espíritas ou do Espiritismo?

Entretanto, para realizar esta promoção cidadã do indivíduo espírita não precisamos, conforme já dito, transformar o centro espírita numa ONG. Basta que façamos nossa parte. As ideias e as informações existem. Só falta criarem-se os projetos.

Ele finaliza sua fala desta forma: “Precisamos entender, enquanto movimento, que não podemos ficar a parte da sociedade, nem fazer tudo sozinho. Se nos unimos somos mais fortes e atuantes na prática do bem e ai sim, podemos começar a promover a mudança social que Kardec preconizava como papel do Espiritismo no mundo”. Não era isto que informava, com algumas outras palavras, J.Herculano Pires há mais de 30 anos?

Conforme o primeiro dia, tivemos antes do almoço um breve momento onde os participantes puderam endereçar perguntas pertinentes aos assuntos abordados para que os expositores respondessem.

Como informamos mais atrás, o segundo momento do expositor Simão Pedro foi mais impactante que o primeiro. Agora ele tinha que abordar o tema: “Amor: a grande Mensagem da Evolução”, penúltimo painel a ser apresentado no evento.

Aqui, ao falar de amor, ele conseguiu nos fazer refletir sobre como amamos as pessoas ao nosso redor e qual a diferença entre o amor-egoísta e o amor-altruísta, entre aquele que cobra afeto e aquele que sabe cultivar o afeto.

Ele fez uma belíssima explanação sobre o tema, e ainda nos fez reembrar com carinho a música Monte Castela que é uma singela homenagem, segundo ele, de Renato Russo aos brasileiro que lutaram na 2ª Guerra Mundial na cidade de Monte Castelo, e que é a junção de I Coríntios, 12 (uma carta de Paulo) e de uma belíssima carta de Camões.

Ele ainda ressaltou: “o amor não cobra nada de ninguém. Quando cobramos retorno do outro, estamos exigindo e exigência não é amar”. E refletindo sobre aprender a conviver com pensamentos e posturas diferentes, ele enfatiza: “Esse é o grande desafio do amor”. E nós completaríamos: este é o ensino do Espiritismo que anda esquecido em meio a tantas novidades e novidadeiros, tantos anseios e tantas decepções que sofremos na vida.

Alkíndar de Oliveira, no último painel apresentado com o seguinte tema: "Cultura do Sofrimento x Cultura da Felicidade".

No que podemos informar e afirmar sobre esta exposição, ela foi dada no tempo certo, dentro do que pedia o tema central e sem fugas ao mesmo. Foi interessante observar os seus exemplos em torno do culto ao sofrimento que muitos espíritas mantém equivocadamente e que fazem com que achem que no Espiritismo, a dor é a única forma de crescimento, o que é um erro. E quando me refiro ao 'achem' é às pessoas que não conhecem o Espiritismo, e que quando tomam conhecimento é justamente por informações equivocadas como estas.

A lembrança do Gigante Deitado, pseudônimo de Jerônimo Mendonça, como elemento de reflexão sobre o valor da dor nesta 'cultura do sofrimento' foi muito bom e bastante sugestivo. Se você, meu caro leitor, não o conhece, dê uma olhada neste link: http://espiritismo-br.blogspot.com/2009/05/jeronimo-mendonca-o-gigante-deitado.html.

Analisar a 'Cultura da Felicidade' foi o contraponto de sua exposição. Neste momento ele faz uso de citações de exposições do Jerônimo e muitas citações a livros de autoria de Ermance Dufaux. Com todo o respeito ao autor, creio que faltaram, também, inúmeras outras constantes da codificação, conquanto seja nova a nomenclatura 'reforma íntima', a essência da mesma (mudança de postura, adotando uma nova forma de viver e de encarar a vida) é encontrada satisfatoriamente na antiguidade, com Sócrates, para focar um pensador, e na Doutrina dos Espíritos, inclusive a questão 919-a de O Livro dos Espíritos que seria uma ótima sugestão de 'metodologia' a ser adotada na avaliação contínua de si mesmo, conforme vocabulário tão ao gosto do expositor.

Entretanto, por estas palavras, quero apenas evidenciar que o assunto é amplo e já há bastante bibliografia a ser consultada, de preferência as da Codificação, onde encontramos os princípios, as normas, as Leis Elementares que nos conduzirão a uma melhor compreensão e avaliação de todas as informações, antigas ou novas, dos espíritos ou dos encarnados, espíritas ou não.

E a Cultura da Felicidade é um destes temas tão ao gosto do Espiritismo, pois que nos demonstra quais caminhos são os melhores a tomar para minimizar, ao menos, os efeitos educativos da dor[pois ela é um instrumento educativo, um verdadeiro 'processo pedagógico' da divindidade para conosco] no intuito de nos ver mais amadurecidos e capacitados para galgarmos novos degraus em nossa evolução. Novos degraus em busca da verdadeira felicidade.

E este foi o objetivo, também, da exposição do último painel do domingo. Em seguida, tivemos um rápido debate com o Alkíndar, e no lugar do Simão Pedro (que não pode ficar até o fim por motivos de ordem pessoal) tivemos a participação do Carlos Pereira.

Interessante notar que durante todo o debate o Carlos Pereira estava em transe, conforme fez questão de frizar o Espírito que assumiu provisoriamente sua faculdade mediúnica, para, assim, responder aos participantes as perguntas feitas para o último debate do dia. Não questiono aqui a existência ou não da possibilidade de uma 'mensagem' mediúnica, já que estamos em um evento espírita, entre pessoas que tem como realidade a existência e comunicabilidade dos espíritos. Entretanto, fica para reflexão se é necessário que, em vez dele, outro venha a dar as respostas, no momento do debate. Que fique claro: isto é uma reflexão e não uma censura. Prefiro pecar pela repetição e prudência que ser acusado de afirmar e dizer o que não afirmei nem disse.

Como dissemos no início, e embora possa não parecer, isto é um pálido esboço de tudo o que aconteceu nestes dois dias que participamos do Forespe 2009, evento, repetimos, que é importante e necessário, quando cumpre sua função, por proporcionar um momento não só de reflexão mas, de possibilidade de debate do mesmo entre os expositores e os participantes.

Vale lembrar também os momentos artísticos realizados durante o evento, com a apresentação, inclusive, do Grupo Semente e de Silvério Pessoa e da grata surpresa de ver meu pequenino, junto aos outros congressistas mirins encerrando nossas participações com uma parceria com o Silvério cantando uma música, ao que parece, do Grupo semente. Foi belíssimo!

Não faremos aqui, também e muito menos, uma lista de erros e acertos do evento em si, pois creio ser suficiente a enorme pilha de questionários respondidos pelos participantes com esta finalidade, a ser compulsada e transformada em estatística; deixo aqui, somente, as minhas modestas reflexões em torno dos temas e de suas abordagens, trazendo uma crítica 'construtiva' na intenção de que, se ouvido, não pecarei por apenas falar mal e não apresentar sugestões.

E elas estão espalhadas no texto em forma de reflexões e comentários sobre cada painel e expositor em questão.

Saudamos, ainda, nossos mais novos companheiros de labores espíritas: o coordenador geral do Forespe, Francisco de Assis, o Chico, do Núcleo Espírita Bezerra de Menezes em San Martin e o nosso colega Heleno Vidal, pessoa boníssima que nos facilitou o ingresso no evento e a quem esperamos ser úteis naquilo possamos ajudar com relação ao Forespe e ao Espiritismo como um todo.

Pois bem, é isso meus caros leitores, esta é a síntese que desejei trazer, acrescidas de comentários e sugestões, sobre o evento que ocorreu no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Pernambuco, o Forespe 2009.

Boas reflexões e até a próxima.






Observação: informamos aqui que recorremos a pequenos trechos do blog do Forespe para sermos o mais exato possível nas citações dos pensamentos do expositores. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Fórum de Debates Espíritas em Pernambuco - 2009

Olá amigos e leitores, aproveito meu tempo livre para falar-lhes de um evento que ocorrerá nos dias 07 e 08 de Novembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, o Forespe - Fórum de Debates Espíritas em Pernambuco.

Este ano, ele traz um tema muito interessante e necessário para nós hoje: "REFLETINDO AS PRÁTICAS ESPÍRITAS NO SÉCULO 21".

Porque este assunto é importante hoje: pelo simples fato de que, dando um passeio por várias casas espíritas neste nosso Brasil imenso, poderemos perceber facilmente que há muitas coisas tidas como 'espíritas' dentro das paredes de uma instituição 'espírita'.

A FEB, numa de suas ações para auxiliar o correto entendimento da Doutrina dos Espíritos disponibiliza no seu site e através de campanhas e panfletos um texto explicando o que deve ser entendido como prática espírita. Incluindo o uso do estudo, da razão e do bom senso.

Entretanto, como enfatizava Herculano Pires na década de 70, "a grande propagação popular [do Espiritismo] criou um campo fértil para exploração dos aventureiros, ansiosos por firmarem a sua reputação de grandes entendidos do assunto, grandes médiuns e oradores de tipo anacrônico".

Há, ainda, muita reflexão, muito estudo, muita pesquisa a ser estimulada dentro do Movimento Espírita Brasileiro [ou MEB], quiçá, em outras nações onde ele ainda é incipiente.

Pois, quanto mais se populariza, mais ele é afetado por 'achismos', e tantas outras ervas daninhas semeadas em nossa terra. Há, conforme um livro do próprio Herculano Pires [figura ímpar na defesa dos princípios doutrinários e referência que deveria ser nos estudos espíritas por ser, conforme enfatizou Emannuel: 'o melhor metro que mediu Kardec'], chamado A Pedra e o Joio, em que ele enfatiza este trabalho de colheita 'seletiva' separando o joio do trigo. Entretanto, se fôssemos indicar algum livro dele como leitura, a lista seria longa, entretanto, O Espírito e o Tempo, Mediunidade, Introdução à Filosofia Espírita, Os Filósofos, Ciência Espírita e suas implicações terapêuticas, são alguns que devem ser lidos e estudados [após a codificação e Revistas Espíritas, claro], só para ficar em alguns dos mais importantes.

E é por isso que acredito ser válida, senão imprescindível, que aconteçam Fóruns de Debates Espíritas, como o Forespe, onde sejam abordados temas como este, pois precisamos dialogar e trazer novamente para nosso seio aquele espírito perquiridor tão notável em Kardec.

Para mim, que apesar de pouca, já possuo experiência com a tribuna, o que se faz hoje [com exaustivo enfoque nos temas 'evangélicos' ao se estudar o Evangelho segundo o Espiritismo] é se utilizar de um espaço e tempo para realizar sermões como os padres do passado ou para provocarmos reflexões?

Compreendemos o alcance do que o Espiritismo nos ensina em torno da caridade ou nos acostumamos a praticar o 'assistencialismo', mantendo, como li certa vez em um texto de Rosimere Kiss [expositora espírita pernambucana], três gerações de uma mesma família [avó, mãe e filha] numa rede interminável de dependência ao invés de auxiliá-las a conquistarem seu espaço e proverem a si mesmas, através das famosas cestas da 'campanha do quilo'?

E como entender essa assistência dada nas instituições espíritas como forma de promoção social, fornecendo não só o pão, mas ensinando a pescar? Com oficinas que auxiliem a dar uma formação profissional. Uma saída para isto, sem ficar oneroso para uma só insituição, seria criar-se uma rede de auxílio mútuo entre os CE's [Centros Espíritas] para que se pudesse criar uma instituição social com esta finalidade. Ajudando pessoas de comunidades carentes. É uma saída.

Outro sub-tema tratado no evento é a questão do sofrimento segundo o Espiritismo. Devemos calar a dor e seguir resignados nosso calvário, sem poder nem levantar a cabeça? Como entender esta possível [e falsa] 'apologia à dor'? Como funciona o processo educativo de Deus segundo a visão espírita? O que significa, realmente, a dor para o Espiritismo?

E as tão faladas práticas espíritas, seguem fiéis aos princípios espíritas? O que seria o nosso passe, hoje, para os espíritas? Seria mais uma panacéia destinada a curar todo e qualquer mal, até a ignorância? Em que estão firmados os seus princípios? Kardec defendeu e divulgou o Magnetismo como forma de cura? Teria o Passe alguma coisa a ver com o Magnetismo? E quando ele não cura, é culpa de quem?

E a desobsessão? Seu formato não atende mais à mentalidade do século 21, ou o problema seriam os espíritas que, mal formados e mal instruídos, começam a depositar nos outros [ou nos tratamentos] a parcela que lhe cabe no processo de mudança interior, ou para me servir de uma palavra em moda, da sua mudança de 'paradigmas'?

Teria algo de errado com ela, estando assim, ultrapassada, ou estaríamos nós julgando apressadamente, por uma observação incompleta? Seria o processo de doutrinação simples tentativa de catequização aos moldes jesuíticos do passado, ou seriam mais uma aplicação equivocada da possibilidade [e necessidade] de se dialogar com os Espíritos obsessores numa tentativa de lhe sensibilizar as fibras mais íntimas, auxiliando-o neste processo de mudança interior? Precisaríamos de quantas 'metrias' para entender o 'foco' principal da DE? Seriam elas, realmente, a mudança necessária?

Como podem observar meus caros leitores, um tema destes, se aproveitado da forma como imagino que vai ser, não é algo que deva ser ignorado! É uma oportunidade ímpar! Ou no mínimo, é uma ótima oportunidade de, ao menos, iniciarmos um processo de catarse no MEB e em nós.

E situações como estas podem ser observadas, principalmente, em instituições tidas como 'exemplo' para outras instituições tanto do interior, como da capital e de outras cidades em outros estados.

Há, ainda, muito pouca reflexão em torno de temas que muitos preferem não tocar por acharem ser extremamente polêmicos. Entretanto, para o espírita, a busca pela verdade deveria ser o foco principal, sempre amparado por larga pesquisa, tanto compulsando o material dos encarnados como dos desencarnados e dialogando com eles, numa prática esquecida e desvirtuada chamada: evocação.

Não como comumente se entende, mas como nos foi legada pelo nobre codificador. Entretanto, isto é assunto para outra oportunidade, e divagar sobre ele aqui seria fugir ao objetivo que me propus: divulgar um evento que julgo imperdível e necessário, quando centraliza a reflexão dentro dos princípios espíritas.

Bom, é isso. Mais abaixo, colarei os temas e sub-temas a serem tratados durante o evento e desejo que ele possa atingir não só as minhas expectativas, mas de todos aqueles que desejam ver o Espiritismo melhor compreendido e praticado não só no Brasil, ou em Pernambuco, mas em qualquer parte do mundo.

Abraços, bons estudos e boas reflexões!

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Anexo:

FORUM DE DEBATES ESPÍRITAS EM PERNAMBUCO - FORESPE 2009

"REFLETINDO AS PRÁTICAS ESPÍRITAS NO SÉCULO 21"

Dia 07/11/09
Tema: Comunicação Espírita: Monólogo ou Interatividade?
Subtema: 1. Tribuna Espírita: Do Sermão à Reflexão
Subtema: 2. O Espaço Espírita como Oficina do Construtivismo Moral

Tema: Centro Espírita: Hospital ou Escola do Espírito?
Subtema: 1. Revendo os Tratamentos Espirituais
Subtema: 2. Uma Proposta Pedagógica para a Casa Espírita

Dia 08/11/09
Tema: Caridade Espírita: Assistencialismo ou Promoção Humana?
Subtema: 1. A Política Nacional de Assistência Social – Uma Visão de Estado
Subtema: 2.Do Mero Assistencialismo à Formação Cidadã – Uma Visão Espírita

Tema: Conteúdo Espírita: Castigo ou Evolução?
Subtema: 1. Cultura do Sofrimento x Cultura da Felicidade
Subtema: 2. Amor: A Grande Mensagem da Evolução

Investimento: R$ 20, 00.

Paralelamente ao evento estarão ocorrendo o Foresteen e o Forespinho, destinado a atender ao público infantil e jovem. Dos 4 aos 18 anos. As inscrições para eles custam R$ 10,00.

E-mail para contato: forespe@hotmail.com.

domingo, 20 de setembro de 2009

"Não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar"

Não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar, é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre ocupação, e isso nem sempre acontece. Quando a falta de trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo, como a escassez.

A ciência econômica procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, sofrerá sempre intermitências e durante essas fases o trabalhador tem necessidade de viver.

Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos.

Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das conseqüências desastrosas desse fato?

Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis.

A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos.

Fonte: O Livro dos Espíritos, questão 685-a, comentário de Kardec.

Boas reflexões.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sobre A Memória e o Tempo


É terrível pensar que nada é esquecido; que nem um mero juramento pronunciado deixa de vibrar através dos tempos, numa ampla corrente disseminadora de som; que nem uma prece é murmurada sem que o seu registro seja fixado nas leis da natureza pelo selo indelével da vontade do Todo-Poderoso. [Peter Cooper, filantropo americano]

Olá! Como vai você? Tudo bem? Espero que sim.

Retorno, meus caros amigos e leitores, com a incumbência de lhes escrever sobre este livro que está entre uma das mais importantes aquisições que já fiz até hoje.


A Memória e o tempo é o nome do livro. E o seu autor: Hermínio C. Miranda.


Hermínio é um autor já conhecido no meio espírita e, por que não, no meio não-espírita, não só pelos seus muitos livros mas, por sua profundidade e sagacidade. Não é à toa que o apelidaram de 'o escriba'. Autor de livros importantes no contexto doutrinário como Diálogo com as Sombras e A Diversidade dos Carismas, que abordam o problema do diálogo com os espíritos, a famosa 'doutrinação', e a questão da mediunidade, em um estudo não menos complexo, respectivamente. Bem como de outros livros dentro da temática [que posso dizer de sua autoria?] Arqueologia do Espírito: As sete vidas de Fénelon, Arquivos Psíquicos do Egito, Alquimia da Mente, A Noviça e o Faraó, entre outros.


O objetivo do livro é, ao analisar a problemática do tempo e da memória, tentar entender a mecânica do processo não só de armazenagem, mas de acesso às nossas recordações.


Como acessar nosso conteúdo, nossa memória integral, hoje, para tentar entender e solucionar um problema por que estamos passando? Estaria ela ali totalmente organizada vida por vida, do nascimento à morte? Será que um estado depressivo, uma neurose, uma fobia, ou até o autismo poderiam ser mais bem compreendidos, quiçá, curados após um processo de catarse reflexiva [ou ab-reação nos dizeres psicanalíticos freudianos]?


Entretanto, o que é o tempo? É simplesmente a sucessão das coisas, dos segundos, minutos, horas, dias, séculos e milênios? Quem que nunca achou que soubesse o que seja o tempo e que, entretanto, não se via sem palavras para explicá-lo a outrem? E a memória seria apenas o acumular dos conhecimentos, experiências e emoções [traumáticas ou felizes]?


Sobre o tempo, certa vez enunciou Santo Agostinho:
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"Que é, então, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se desejo explicá-lo a alguém que me pergunte, não sei mais".

Você já se viu em tamanha enrascada antes? Eu já!

E a memória?

Segundo o Dicionário Aurélio ela é a "faculdade de reter idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente". E ainda: "lembrança, reminiscência, recordação".

E Hermínio Miranda complementa:

"A memória é um receptáculo de idéias que em algum tempo foram ali depositadas e que podem, com relativa facilidade e presteza, ser recuperadas ou relembradas".

É assim que, com estes conceitos postos [e aqui estão apenas umas pinceladas dos conceitos e análises emitidos] que o Hermínio vai tecendo sua teia de informações e construindo, em nós, ou talvez até desconstruindo, conceitos e visões diferenciadas sobre o tempo, a memória, e sobre a regressão da memória com fins terapêuticos.


E este é um ponto importante: todas as suas elucubrações não visam, tão somente, a mera curiosidade de se saber quem foi no passado para satisfazer um desejo fútil. Do contrário, em todo o seu livro observamos sua tentativa de deixar o mais claro possível, não só que a Terapia de Regressão às Vidas Passadas [ou TVP] tem um fim quase que exclusivamente terapêutico, ou de pesquisas com estes fins. E mais: que as próprias Ciências Psi [Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise] deveriam reavaliar não só seus métodos de análise e cura, bem como muitos de seus conceitos e fundamentos, os ditos dogmas, para que possam passar a tratar verdadeiramente daquilo que dá nome a si mesmas: Psi = Alma, Espírito Imortal!


Com uma introdução, VIII capítulos e um posfácio, o livro de Hermínio é, para quem já o conhece, de uma riqueza de conceitos, informações e reflexões inúmeras.


Além de nos apresentar o que aprendeu e refletiu após mais de 20 anos estudando o tema, ele nos brinda com uma 'síntese' da história do magnetismo animal, bem sucinta, é verdade, mas sumamente interessante. Para depois nos brindar com um estudo detalhado tanto dos achados e obras do famoso Albert de Rochas, como de Freud, o insigne pensador vienense que, se tivesse aceitado, ou ao menos tratado com menos preconceito, os conhecimentos já adquiridos sobre a Alma, ou mente para quem trata da matéria Psi, teria deixado uma obra tão fenomenal quão ousada do que a que nos brindou com sua inteligência ímpar.


E com que surpresa passamos a conhecer psicólogos, tão ousados quanto o próprio Freud, e que aceitaram, mesmo relutantemente, a realidade das vidas sucessivas e da comunicabilidade do espírito imortal, bem como todas as suas consequências daí advindas. Gente como a Dra. Edith Fiore, o Dr. Carl Wickland, o Dr. Denis Kelsey e a Dra. Helen Wambach, além do sensitivo Edgar Cayce.


São tantas informações, tanta riqueza que não pude segurar a vontade de dividir estas impressões com você, meu caro leitor e leitora, mesmo correndo o risco de não conseguir transmitir com a facilidade que o Hermínio aquilo que, ainda agora, continua a me fazer refletir.


É isso, meu dever está cumprido [eu acho!]. Espero ter suscitado em cada um de vocês o desejo de conhecer esta obra ímpar, e que é leitura obrigatória não só para quem tem interesse em desvendar os escaninhos do tempo e da memória, mas, de todo o Espírita que tenta se compreender como espírito imortal com um acervo de experiências e dores e alegrias tão grande e tão rico, que é um desperdício não tentar levar a sério a famosa frase adotada por Sócrates ao visitar o Oráculo de Delfos, e que consta da questão 919 de O Livro dos Espíritos: "Conhece-te a ti mesmo".


Pois também dizia Sócrates que "A vida não-examinada não vale a pena ser vivida".


Conheçamos-nos, oras pois! E vivamos, sem traumas, sem fobias nem neuroses!

Bons estudos, e até a próxima!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Terapia da Oração

Recurso valioso para todo momento ou necessidade, a oração encontra-se ao alcance de quem deseja paz e realização, alterando para melhor os fatores que fomentam a vida e facultam o seu desenvolvimento.

A oração é o instrumento pelo qual a criatura fala a Deus, e a inspiração lhe chega na condição de divina resposta.

Quando alguém ora, luariza a paisagem mental e inunda-se de paz, revitalizando os fulcros da energia mantenedora da vida.

A oração sincera, feita de entrega íntima a Deus, desenvolve a percepção de realidades normalmente não detectadas, que fazem parte do mundo extrafísico.

O ser material é condensação do energético, real, transitoriamente organizado em complexos celulares para o objetivo essencial da evolução. Desarticulando-se, ou sofrendo influências degenerativas, necessita de reparos nos intrincados mecanismos vibratórios, de modo a recompor-se, reequilibrar-se e manter a harmonia indispensável, para alcançar a finalidade a que se destina.

***

O psiquismo que ora, consegue resistências no campo de energia, que converte em forças de manutenção dos equipamentos nervosos funcionais da mente e do corpo.

A oração induz à paz e produz estabilidade emocional, geradora de saúde integral.

A mente que ora, sintoniza com as Fontes da Vida, enriquecendo-se de forças espirituais e lucidez.

Terapia valiosa, a oração atrai as energias refazentes que reajustam moléculas orgânicas no mapa do equilíbrio físico, ao tempo que dinamiza as potencialidades psíquicas e emocionais, revigorando o indivíduo.

Quando um enfermo ora, recebe valiosa transfusão de forças, que vitalizam os leucócitos para a batalha da saúde e sustentação dos campos imunológicos, restaurando-lhes as defesas.

***

O indivíduo é sempre o resultado dos pensamentos que elabora, que acolhe e que emite.

O pessimista autodestrói-se, enquanto o otimista auto-sustenta-se.

Aquele que crê nas próprias possibilidades desenvolve-as, aprimora-as e maneja-as com segurança.

Aqueloutro que duvida de si mesmo e dos próprios recursos, envolvendo-se em psicosfera perturbadora, desarranja os centros de força e exaure-se, especialmente quando enfermo. Assemelha-se a uma vela acesa nas duas extremidades, que consome duplamente o combustível que sustenta a luz, até sua extinção.

A mente que se vincula à oração ilumina-se sem desprender vitalidade, antes haurindo-a, e mais expandindo a claridade que possui.

Envolvendo-se nas irradiações da oração a que se entregue, logrará o ser enriquecer-se de saúde, de alegria e paz, porquanto a oração é o interfone poderoso pelo qual ele fala a Deus, e por cujo meio, inspirado e pacificado, recebe a resposta do Pai.

Ao lado, portanto, de qualquer terapia prescrita, seja a oração a de maior significado e a mais simples de ser utilizada.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A Cura da Depressão pelo Magnetismo


Olá meus caros confrades espíritas e não-espíritas. É com prazer que retorno para dialogar com vocês. Desta vez, tentarei fazer uma resenha sobre um livro que acabei de ler e que traz uma proposta original e bastante séria: A Cura da Depressão pelo Magnetismo ou, como conhecem alguns, pelos chamados passes!
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Este é o nome do livro [imagem ao lado] que recomendo para todos os que têm interesse em aplicar melhor e com mais qualidade o magnetismo curador.
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O livro aborda a questão não só do ponto de vista da aplicação do magnetismo como do ponto de vista de um magnetizador espírita que sofreu muito ao passar por uma depressão de caráter grave, com uma duração de 6 meses.
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Desta forma, não é tão somente uma obra de iniciativa de quem conhece o assunto teoricamente, mas, de alguém que vivenciou não só a doença que ataca cerca de 20 % da população mundial como também que viu o poder dos passes tidos por alguns como 'milagrosos' e sem necessidade de técnicas serem completamente inceficazes para auxiliá-lo a sair da depressão, quando muito, ainda o fez se sentir pior do que antes de cada aplicação.
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E durante o livro ele vai contando como entrou em depressão, como saiu, qual a influência real que tiveram os passes, como começou a perceber e estudar a correta aplicação do magnetismo na cura desta doença, suas primeiras vítimas, seus aprofundamentos, o roteiro da aplicação de um TDM [resumo de Tratamento da Depressão por Magnetismo e que é como ele chama estes passes em específico], a influência dos centros de força [em especial do esplênico ] tanto no início da doença bem como no tratamento magnético da mesma, bem como realiza oportunas reflexões sobre o suicídio, a esperança, e ainda avalia certos mitos em torno da problemática. E no fim ainda temos alguns depoimentos de pessoas que obtiveram a cura da depressão com este tratamento.
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Enfim, sua leitura nos leva a indagar sobre nossas responsabilidades para com as diversas pessoas que atendemos nos centros espíritas não só deste nosso Brasil imenso, mas de todo o globo, como nos leva a repensar nossa participação [ativa] em todo o processo magnético [fluídico], bem como da real participação dos Espíritos, que estão sempre presentes, entretanto, nem sempre presença significa atuação.
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Sua leitura, segue o conselho, deve ser feita após um estudo sério de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e A Gênese, bem como de outros livros seus: O Passe, seu estudo, suas técnicas, sua prática; Manual do Passista e Reavaliando Verdades Distorcidas.
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Pois, como disse Charles Mingus [citação do livro citado]: "Complicar aquilo que é simples é lugar-comum; tornar simples o que é complicado é criatividade" e é isto, precisamente, que faz o Jacob Melo há bastante tempo: simplificar aquilo que é complicado, ou ao menos, aquilo que é tido por complicado: o Magnetismo!
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E que fique claro: A DEPRESÃO TEM CURA SIM!
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Bons estudos!
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"O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa é o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula". [O Livro dos Espíritos, comentário de Kardec à questão 555]

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Uma informação

Olá meus caríssimos leitores, devido a problemas pessoais e a alguns estudos que necessito fazer é que atrasei a postagem de artigos aqui.

Ultimamente estou me dedicando a tentar conhecer melhor o que seja o Magnetismo Espírita, tão desconhecido em nossas terras, mesmo sendo o alvo maior dos esforços de Kardec tanto que vivia afirmando que o Espiritismo e Magnetismo são ciências irmãs.

Espero que tudo dê certo e possa rapidamente voltar a postar com regularidade.

Um forte abraço a todos e que Deus nos abençoe!

Bons estudos!

sábado, 28 de março de 2009

Kardec e a questão dos exilados

“As questões sobre a constituição física e os elementos astronômicos dos mundos se compreendem no campo das pesquisas científicas, para cuja efetivação não devem os espíritos poupar-nos os trabalhos que demandam” (O Livro dos Médiuns, nº 296, 32ª)

Caro leitor, Kardec sempre teve muito critério em analisar e aceitar como verdade, ou, no mínimo, como hipótese de valor, qualquer informação ou tese deduzida dos ensinos dos espíritos. Principalmente quando se tratavam de relatos sobre a constituição física de outros globos, estrelas ou o que fosse relativo a informes que dependessem diretamente das pesquisas e avanços da Ciência.

Desta forma, tentaremos ser bastante objetivos neste nosso artigo, tendo em vista a grande polêmica criada em torno de tal assunto. Queremos analisar, com a nossa opinião, o que diz a Codificação e oferecer uma base para que você possa formar sua.

Considerações iniciais

Antes de qualquer coisa, cumpre relembrar, ou tornar claro, que para Kardec “o princípio da reencarnação é uma conseqüência geral da Lei do Progresso”. Isto porque a reencarnação e a Lei do Progresso são pressupostos básicos para se compreender, e aceitar, não só a possibilidade de muitas existências no planeta Terra, como em outros mundos.

Diante deste fato, “que os espíritos saiam para um mundo mais avançado, deixando aquele sobre o qual nada mais possam adquirir (em conhecimentos), assim é, e assim deve ser; tal é o princípio. Se alguns há que antecipadamente deixam o mundo em que vinham se encarnando, isto é devido a causas individuais, que Deus pesa em sua sabedoria”. (grifos nossos)

Nos itens 35,36 e 37 de A Gênese, explica-se que os espíritos, em seu estado errante, compõem a “população espiritual ambiente do globo” e que, pelas mortes e renascimentos (emigrações e imigrações), há uma constante transfusão de elementos em ambos os planos da vida.

Considerando este princípio, podemos compreender que até as calamidades sociais e catástrofes que nos assombram e emocionam (um exemplo recente é o que aconteceu em Santa Catarina), tem um lado útil por permitir um saneamento espiritual e material no local onde acontece.

É o que nos explica Kardec:

“É notável que todas as grandes calamidades que dizimam as populações, são hoje seguidas de uma era de progresso na ordem física, intelectual e moral e, por conseguinte, no estado social dos que vivem naquele determinado povo onde se realizam. É que tiveram por finalidade operar um remanejamento na população espiritual, que é a população normal e ativa do globo”.

Entretanto, o que nos importar frisar e fixar é que “há, pois, emigrações e imigrações coletivas (e individuais) de um mundo para outro”.

A questão dos exilados

É pelos raciocínios acima que Kardec segue nos conduzindo até informar que, “segundo o ensino dos espíritos, é uma dessas grandes imigrações, ou se assim o quisermos, uma dessas colônias de espíritos de outra esfera, que deu nascimento à raça simbolizada na pessoa de adão, a qual por essa razão é denominada raça adâmica”.

Primeiramente, cabe enfatizar que Kardec afirma ser esta tese “segundo o ensino dos espíritos”, deduzida de várias opiniões e não de uma só, deste ou daquele espírito. Pois, foram eles mesmos que nos informaram que “para tudo o que está fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que alguém possa obter são de caráter individual, sem autenticidade” e, o que é pior, “sendo imprudência aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas”.

E aqui cabe um adendo: ele se refere às ‘revelações’, ou informes, que dependendo exclusivamente do valor que damos à opinião de tal ou qual espírito, possam ser acatadas como verdades incontestes sem a necessária análise e pesquisa e, não, àquilo que é deduzido do ensino de mais de um espírito por, no mínimo, mais de um médium, com todo o rigor possível e toda cautela necessária para tal verificação. Ele critica, enfim, a aceitação cega de uma simples opinião que carece, quando adentra o campo científico, de dados concretos que a comprovem ou que possam lhe dar viés de possível probabilidade.

Um segundo ponto importante é o em que Kardec deixa claro, segundo dedução do ensino dos espíritos, que esta colônia de espíritos exilados é uma dentre muitas que já vieram. Entretanto, esta seria a mais avançada de todas.

Um terceiro ponto que vale ressaltar é o pouco caso que deram os Espíritos e Kardec, à questão da origem planetária destes exilados. Isto pode ter sido por dois motivos:

1º) Pela inutilidade que esta informação teria, do ponto de vista moral, sendo algo de caráter secundário;

2º) Pela impossibilidade que Kardec tinha de comprovar tal informação, pelo pouco que existia de tecnologia disponível não só para as pesquisas astronômicas mas, para toda a Ciência.

E nisto vale ressaltar sua opinião: “[...] é sobretudo nas teorias científicas que precisa haver extrema prudência e guardar-se de dar precipitadamente como verdades alguns sistemas por vezes mais sedutores que reais e que, mais cedo ou mais tarde, podem receber um desmentido oficial (da Ciência). Que sejam apresentados como probabilidades, se forem lógicos, e como podendo servir de base a observações ulteriores, vá; mas seria imprudente tomá-los prematuramente como artigos de fé” (Revista Espírita, julho de 1860, exame crítico, observação geral).

Sendo assim, seja por que médium for, seja qual espírito for, têm que atender a estes requisitos para serem aceitos, de antemão, como probabilidades à espera da sanção do tempo que trará sua comprovação, ou não.

Controvérsias

E meu caro leitor, talvez confirmando o que você possa estar pensando, ou deduzindo, por ser alvo de constantes polêmicas, estes argumentos são válidos, sim, para a teoria da existência dos capelinos como exilados entre nós.

Pois quando um espírito nos informa, afirmando, que: “há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização”, independente do nome que assine e do médium que receba a mensagem, ela deve ser analisada e aceita, a priori, como uma opinião apenas, à espera de outras opiniões e de dados científicos que a comprovem.

E assim sendo, ouso fazer alguns questionamentos:

1º) Se este orbe guarda afinidades com o globo terrestre e aqui excetua-se a hipótese de ser mera referência à população habitante, ou forma de organização social em si, como aceitar tal tese quando a Ciência afirma justamente o contrário?

Pois, conforme os especialistas no ramo, Capela não teria planetas, e mesmo que algum seja encontrado, não apresentaria nenhuma estabilidade, nenhuma condição que possibilitasse, ou que tenha possibilitado, nos últimos dois bilhões de anos, o surgimento de vida como a conhecemos. E antes que possam dizer que a vida poderia ser de tipo diferente, Emannuel, autor da tese acima analisada é quem afirma ter este orbe “muitas afinidades” com o nosso planeta. E quem diz afinidades diz semelhanças, tanto em estrutura, como em biodiversidade. E, portanto, não poderíamos afirmar que um planeta com a estrutura de Júpiter fosse ‘semelhante’, ou afim com o nosso.

Outra coisa, eles, os especialistas, têm por certo que só estrelas simples ocasionam probabilidades reais para o desenvolvimento de formas orgânicas. Capela, porém, é um sistema com nove estrelas (duas principais e mais sete) com tremendas instabilidades. Desta forma, excetuando uma pretensa vantagem espiritual, que opinião tem mais ‘peso’ e soa mais coerente?

E aqui, ainda, uma valiosa opinião de Kardec: “[...] Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, com os dados positivos que possuímos (cientificamente comprovados), por mais respeitável que seja o nome que assine, deve ser rejeitada” (O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução, capítulo II).

Conclusão

Observemos com atenção que a existência de imigrações e emigrações tanto entre o plano espiritual e o nosso, como entre mundos está suficientemente provada e analisada nas obras da Codificação. Isto é conseqüência natural da Lei do Progresso e do dogma da reencarnação. A tese acima analisada, entretanto, já não cabe aqui como princípio, sequer como hipótese comprovada. Ela cabe tão somente como uma opinião individual, e só.

E isto não invalida todas as outras opiniões do autor de A Caminho da Luz, apenas demonstra que nem sempre ele sabe tudo e que pode errar. Saibamos tirar conclusões lógicas e não partir do raciocínio falso de que uma coisa está errada todo o resto pode estar. Esta é uma perigosa generalização que não raro conduz a equívocos enormes. Aprendamos a analisar as mensagens mediúnicas (ou dos encarnados) com todo o rigor que se espera para poder aceitar algo como verdade.

Pois como enfatizou Erasto: “Não admitais senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. [...] Melhor é repelir DEZ verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça [...]” (O Livro dos Médiuns, item 230).

Diante de tudo isto, meu caro leitor, lhe dou o direito de duvidar, bem como de aceitar minhas opiniões. Pesquise, analise, pergunte à ciência. Forme sua opinião com segurança, após intenso estudo. Entretanto, tome muito cuidado com as ‘verdades’ que aceita sem analisar.

Que Deus nos ilumine caros leitores!

Bons estudos!

Nota: Demos nossa opinião e sabemos que não tínhamos, nem queríamos, ter a pretensão de abordar todo o assunto. Ele teria de ser dividido em partes e não faz parte de meus planos tal empreitada para o momento. Espero que ter deixado claro, como ressaltado ao longo do texto, que a existência de espíritos exilados é fato e que de onde eles venham é um detalhe que nem sempre é necessário se apegar, pelos motivos expostos no texto acima. Repito, o que está em litígio não é o princípio doutrinário da existência de espíritos exilados de outros planetas habitando conosco mas, uma opinião pessoal de um espírito da qual fora criada toda uma teoria sem embasamento científico e contrariada, até agora, pelas informações e comprovações da Ciência. E como tento ser coerente com o Espiritismo neste ponto fico com a Ciência até segunda ordem.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Importância dos Princípios

Quando um artista de talento se propõe a fazer um quadro magistral, a que consagra todo o seu gênio, dá, primeiramente, os traços gerais, de modo a compreender, pelo esboço, o resultado que espera obter. Só depois de ter minuciosamente elaborado o plano geral é que entra na execução das particularidades. E, posto que este trabalho precise ser executado com mais cuidado que o esboço, impossível seria, entretanto, executa-lo, se este não tivesse precedido. É o mesmo que se dá com o Espiritismo. (Allan Kardec, Obras Póstumas)
É importante refletir seriamente sobre o trecho acima transcrito. Pois nele se evidencia não só a importância dos princípios básicos no entendimento de qualquer assunto, mas, e acima de tudo, que exige muito cuidado a adição de todo e qualquer princípio àquilo que chamamos Espiritismo.E este é o objetivo deste texto.

Mas, antes de mais nada, façamos um esclarecimento: sendo a palavra norma sinônimo de princípio, vejamos qual seu significado:

§ Nor.ma. sf. 1. Aquilo que se adota como base ou medida para a realização ou avaliação de algo. 2. O que se tem como princípio, regra.

Assim sendo, sempre que usarmos os termos princípio, regra, ou até leis, será sempre, salvo exceção, com o sentido supracitado.

Como podemos perceber no texto de Kardec, embora todo o cuidado que os detalhes exigem para a confecção da obra, ela não existiria sem um esboço inicial, mesmo que só para ‘ordenar as idéias’.

E esta foi a importância do trabalho do professor Rivail e, consequentemente, um ponto capital para todos nós que desejamos auxiliar com nossos pequenos tijolos, no engrandecimento de tão majestoso edifício chamado Doutrina dos Espíritos.

Principalmente por que, conforme informa Kardec, em A Gênese, “a doutrina não foi ditada completa nem imposta à crença cega; [...] ela é deduzida do trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhes põem sob os olhos pelas instruções que a ele dão, instruções estas que o homem estuda, compara e das quais tira ele mesmo as suas conclusões e aplicações” . Importante observação não?

Enquanto que na primeira citação (no início do texto), ele enfatiza a importância dos princípios para a consecução da obra, no segundo ele aborda a inevitável responsabilidade que tem o homem de estudar, comparar e refletir para retirar, ele mesmo, suas conclusões com relação aos fatos ou ensinos dados pelos espíritos. Isto por que, no dizer dos Espíritos e de Kardec, [...] “tanto aqueles que o transmitem [o ensino] como os que o recebem não são serem seres passivos, dispensados do trabalho de observação e pesquisa; por não renunciarem ao seu próprio julgamento e livre-arbítrio; porque o exame não lhes é interdito, mas ao contrário recomendado” .

É fato capital este, por patentear a necessidade de passar tudo pelo escrutínio mais rigoroso, por uma análise profunda. Ainda mais hoje, quando observamos tantas obras ditas “espíritas” editadas e propagadas como revolucionárias, como contendo uma verdadeira renovação conceitual para o espírita e uma "atualização" para o Espiritismo.

E que quando analisadas mais a fundo revelam conceitos e princípios contraditórios, opostos às Leis ministradas pelos espíritos codificadores.

Entretanto, mudando de assunto, ou melhor, retornando para o motivo que me faz redigir estas linhas, voltemos para os princípios, e a importância de os termos compreendidos de forma clara e profunda em nossas mentes; pois, [...] "numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é que sua origem é divina, que a iniciativa pertence aos Espíritos e que a sua elaboração é o resultado do trabalho do homem".

Desta forma, para que o homem não desvirtue a ‘revelação’ forçoso se faz compreender profundamente as suas leis, bem como ser humilde e amante do bom-senso, à semelhança do Codificador, para que se possa julgar com isenção e sangue-frio.

E falando em Kardec, sobre este ponto, ele tem mais uma colocação adequada:

“As leis fundamentais, os princípios genéricos, cujas raízes existem no espírito de todo ser criado, foram elaborados desde a origem. As demais questões, quaisquer que sejam, dependem daquelas leis e daqueles princípios, daí a razão de ter sido, por algum tempo, desprezado ou negligenciado o estudo direto delas”.

Este trecho nos traz uma melhor compreensão sobre a importância do esboço na confecção da obra-prima pelo artista. Só que, aqui, as Leis fundamentais são as Leis Naturais que os Espíritos informaram em toda a codificação, principalmente, em O Livro dos Espíritos.

Elas foram elaboradas desde a origem pela Inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas. Daí que tudo o que vier depois depende, forçosamente, destas.

E nisto cabe tudo o que se vê publicado atualmente, seja como espírita, seja como não-espírita. Pois, conforme asseveraram os espíritos:

"Não há, entretanto, para o homem de estudo, nenhum antigo sistema filosófico, nenhuma tradição, nenhuma religião a negligenciar, porque todos encerram os germes de grandes verdades...". [LE, questão 628]

Sendo este homem de estudo, espírita, não deverá agir da mesma forma? Cabe aqui mais uma citação, como exemplo de postura a ser observada e, por que não, imitada por todos nós:

“Apliquei a esta ciência o método experimental, não aceitando teorias preconcebidas, e observava atentamente, comparava e deduzia as conseqüências, dos efeitos procurava elevar-me às causas, pela dedução e encadeamento dos fatos, não admitindo por valiosa uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão”.

Diante da enxurrada de ‘novidades’ que hoje encontramos dentro do Movimento Espírita, agimos da mesma forma com toda e qualquer teoria ou opinião? E quando esta vem assinada por um espírito, seja ele quem for, independente do nome que assine agimos à semelhança Kardec?

“Um dos primeiros resultados das minhas observações foi saber que, sendo os Espíritos as almas dos homens, não possuem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência, e que o seu saber era limitado ao grau de adiantamento, assim como a sua opinião só tinha o valor de opinião pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o princípio, preservou-me do perigo de acreditar na infalibilidade deles e livrou-me de formular teorias prematuras sobre os ditados de um ou de alguns”.

Creio que com todas estas informações e citações ficou clara a intenção deste texto: evidenciar a importância de se ter em mente, sempre, as normas básicas do Espiritismo, em todos os seus aspectos, para que, diante de qualquer informação nova, ou uma tentativa de reformulação de uma teoria antiga se observe sempre que as Leis Elementares, malgrado o que pensam alguns, são imutáveis, por serem nada mais que frutos da Mente Arquiteta do Universo. Princípios estes passíveis de análise e comprovação por qualquer um que se digne a estudar-lhes.

Pois em Espiritismo, seriedade, humildade, bom senso e desejo de aprender são pré-requisitos essenciais para seu correto estudo. Quiçá, para quando desejamos acrescentar algo a este majestoso edifício.

Esperamos que este texto tenha alcançado o seu objetivo deixando claro para você, meu caro leitor, a importância dos princípios básicos do Espiritismo para analisar toda e qualquer informação nova, ou velha, seja ela de fonte encarnada ou desencarnada, espírita ou não. Mas, e principalmente, que o conhecimento e compreensão destes princípios é imprescindível para todos aqueles que desejam transcender sua própria natureza, superar todo um passado de vícios e maus hábitos. Para todo aquele que aspira a ser, em um futuro próximo ou distante, um homem de bem.

E então, o que utilizamos como base ou medida para a realização ou avaliação de algo, seja em nossos estudos ou em nossas vidas? Que normas ou princípios regem nossas decisões?

Bons estudos e até a próxima!



Sugestão de leitura: toda a coleção da Revista Espírita; O Espírito e o Tempo de José Herculano Pires; Depois da Morte de Leon Denis; e, claro, a Codificação.

Bibliografia:


  • Mini Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2004, 6ª edição, Grupo Positivo.
  • Kardec, A. 2007, Obras Póstumas, 14ª edição. (Trad. João Teixeira de Paula, Rev. notícia sobre o livro e notas: José Herculano Pires). São Paulo: Lake -Livraria Allan Kardec Editora.
  • _____. 2003. A Gênese. 21ª edição. (Trad.Victor Tollendal Pacheco, apresentação e notas de J. Herculano Pires). São Paulo: Lake -Livraria Allan Kardec Editora.
  • _____. 2006. O Livro dos Espíritos. 65ª edição. (Trad. J. Herculano Pires). São Paulo: Lake -Livraria Allan Kardec Editora.
* Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo, edição de Janeiro de 2010.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Porque não somos somente ESPÍRITAS?

Com esta profusão de manifestos, de questionamentos do porque não se vêem espíritas 'ortodoxos' nos centros, com as famigeradas brigas entre os 'cientificistas' e os 'místicos'(que já vem desde o tempo de Bezerra de Menezes), fico a me perguntar: Porque ninguém se satisfaz somente em ser Espírita?

Kardec deixou claro que se reconhece um espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações, além de que o Espiritismo é uma questão de convicção íntima e não imposição, portanto, a partir do momento em que decido estudar e conformar minha conduta com os preceitos da Doutrina Espírita eu sou espírita.

A razão é a pedra fundamental para o entendimento da vida e da Doutrina Espírita, mas sem o coração disciplinado, acabamos fascinados por qualquer um que fale de amor e caridade, pois sem a disciplina não exercitamos nossa capacidade de analisar, de avaliar, de criticar.

Entretanto, se o coração precisa ser disciplinado, por que não disciplinamos também a razão? Ela não tem supremacia total, embora a sua importância.

E diante disto, fico a pensar: realmente entendemos a proposta espírita?

Não, não acusem os outros. Não apontem os dedos, a não ser para si mesmos.

Autoconhecimento é a capacidade de se analisar e se compreender.

Então, é uma boa dica para compreendermos o porque destas atitudes que de espíritas não tem nada!

O Evangelho segundo o Espiritismo não faz parte da codificação? Porque? Porque em vez de consequências morais, Kardec mencionou religiosas? No fundo, no fundo, não há distinção entre estas duas palavras. A diferença maior são as atitudes que tomamos pela compreensão ou imcompreensão delas.

Por isto, não devemos procurar místicos ou cientificistas num centro, mas ESPÍRITAS somente! Espíritas que vivam e conheçam verdadeiramente, como ansiava Herculano Pires, o Espiritismo.

Ainda questionam a autoridade que teria Kardec ao emitir uma opinião... Meu Deus, não vamos santificá-lo, não é isso que ele queria.

Ele não é nem desejava ser o máximo pontífice do Espiritismo, mas, convenhamos, sua opinião não pode - nem deve - ser descartada levianamente só porque não gostamos de uma ou duas palavras...

Isto é divisionismo, falta de análise, de reflexão.

E isto é o engraçado. Todo mundo, para demonstrar opinião, muitas vezes lança-se a críticas sobre o que, em geral, conhece pouco. E não me eximo este erro.

Uns vivem a criticar o Ramatís, sem ter lido uma página sequer de sua obra. Outros criticam quem o analisa, mesmo tendo lido toda a sua obra.

Alguns aceitam cegamente as obras de Ermance Dufaux, chegando a discutir seus pontos sem analisa-los. Outros aceitam suas obras com ressalvas. Outros, enfim, não as aceitam, por terem analisado seus textos e notado erros graves, uso indevido de nomes de indivíduos espíritas que não ditariam tais textos - como Humberto de Campos -, e nem por isso saem a criar ortodoxismos da vida. Mesmo sendo alvo de críticas pelos primeiros.

Uns pregam a necessidade de críticas, de avaliações, de pesquisas para poder aceitar-se qualquer coisa que venha dos Espíritos. Outros abominam estas atitudes porque não veem motivos para duvidar de nenhum espírito, principalmente se vem através de homens 'santos' como Chico Xavier, pecando por uma idolatria que em Espiritismo não deveria prevalecer.

O respeito pelos indivíduos de conduta reta, digna deve ser mantido. E mantenho o meu pela pessoa de Chico Xavier. Médium de faculdades amplas, de postura digna. Entretanto, mesmo ele sendo uma pessoa de caráter idoneo, isto, em nada, impede que através de sua mediunidade fluam mensagens apócrifas tendo por finalidade estimular nos indivíduos à sua volta e nele mesmo a finalidade de chamar-lhes a atençao para a devida análise criteriosa das mesmas, com todo o rigor possível.

E aí me pergunto novamente: não encontramos estes apontamentos, estas explicações na Codificação?

E porque não as praticamos?

E, após tudo isto, fico a me perguntar, como no início do texto: Porque ninguém se satisfaz somente em ser Espírita?

Nem místico, nem ortodoxo, nem de direita nem de esquerda. Nem Kardecista, nem Divaldista.

Somente ESPÍRITA.

Ou, no mínimo, algo parecido com o Homem de Bem que encontramos descrito tanto no ESE quanto no LE.

Deixemos de ilusões de divisionismos, com estes movimentos que ambicionam reconstruir o Espiritismo no Brasil, sem as gangas que são os nossos defeitos.

Pois foi Kardec que afirmou que:

"Não confiando a um único espírito o encargo de promulgar a Doutrina, o mais pequenino, como o maior, tanto entre os Espíritos, quanto entre os homens, traz a sua pedra para o edifício, a fim de estabelecer entre eles um laço de solidariedade cooperativa, que faltou a todas as doutrinas decorrentes de um tronco único". [A Gênese]

Será que há uma busca por esta solidariedade ao se tentar colocar mais uma pedra neste grandioso edifício?

Será que se busca, ao se divulgar uma idéia, inteira concordância com os princípios gerais, com as leis elementares da Doutrina Espírita, seja ela de origem de um espírito encarnado, seja de um desencarnado? E quando vem deste último, tomam-se todas as precauções para evitar uma mistificação, ou para atestar sua verdade?

Estamos exercitando, de verdade, aquilo que os Espíritos definiram como o verdadeiro espírita?

E afinal, não basta ser somente espírita?





Obs: texto escrito tendo por base discussões na comunidade orkuteana Espiritismo sobre manifestos ortodoxos, ausência de ortodoxos nos centros espíritas, prevalência de princípios entranhos ao Espiritismo quando estes é que deveriam prevalecer numa comunidade espírita.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

As muitas vidas de Chico Xavier

Olá pessoal. Feliz ano novo!

Retorno novamente para continuar com minha saga de relatar fatos que tenham relação com o Espiritismo ou pensamentos meus sobre meus estudos espíritas e, por que não, não-espíritas.

O motivo que me faz escrever estas linhas é o objetivo de dividir com vocês algumas impressões que tive ao ler o livro "As Vidas de Chico Xavier", escrito por Marcel Souto Maior.

Adianto, antes de mais nada, que estas linhas serão breves e são apenas para expressar o que senti e pensei ao terminar a leitura deste livro.

Primeiramente, ao pegar este livro para ler, o que me moveu foi o interesse em conhecer um pouco mais sobre esta grande figura que buscou em seus 92 anos se fazer pequeno, como pequeno deve ser todo aquele que busca crescer espiritualmente. E conhecer, fundamentalmente, um pouco mais sobre sua produção psicográfica prodigiosa.

O escritor consegue imprimir à sua narrativa um ritmo agradável que nos permite saborear bem o livro. Consegue ir e vir passeando pelos anos, pulando datas e retornando a elas para, linearmente ou não, contar a história sob o seu ponto de vista: o do jornalista.

É assim que começando pela morte do Chico, ele consegue contar sua infância. Seus problemas com sua madrinha, que pelo fato do garoto ver espíritos, lhe furava constantemente com um garfo na tentativa de puní-lo. As primeiras confusões a que foi lançado, principalmente quando recebeu menção honrosa após participar de um concurso de redações para alunos da quarta série primária, promovido pela Secretaria de Educação de Minas Gerais.

Entretanto, mesmo com todos os percalços que enfrentou na infãncia, nenhum deles seria maior que o gerado pelo livro "Parnaso de Além-Túmulo", no qual cerca de 59 poetas dariam alí o testemunho de que somos imortais.

Críticas voaram, mas elogios também. E Humberto de Campos foi um dos que, mesmo não acreditando na existência dos Espíritos, afirmava que não sendo os Espíritos os autores da obra, e ele tendo 'imitado' os estilos de cada poeta, ainda assim deveria ser admitido como o mais novo gênio literário, pois só sendo um verdadeiro gênio para obter tal proeza!

É desta forma que o autor do livro, o Marcel Souto, vai contando contos e causos do mineiro do século, as dificuldades que encontrou em sua família quando da aceitação de seu mediunato, de sua indeclinável vontade de não usufruir de um centavo sequer dos milhões que suas obras geravam, das doações [muitas bastante suntuosas] que lhe chegavam às mãos, da imcompreensão de muitos espíritas, que o criticavam, de milhares de pessoas que o idolatravam, de gente que mesmo com todos os livros, com os exemplos, com as súplicas mesmo do próprio Chico, achava mais fácil tentar ver se ele 'adivinhava' algo sobre a sua vida ou de algum ente desencarnado que praticar as lições que constavam nos livros que Chico mais divulgava: O Livro dos Espíritos e O Evangelho segundo o Espiritismo.

E é assim que vemos sua vida passar por nossos olhos a cada vez que trocamos de páginas.

Entretanto, sempre, aqui ou acolá, distante da pesquisa mais aprofundada que o autor do livro poderia fazer, percebemos presentes termos e palavras que destoam dos fatos mesmo que ele relata. É algo como: 'e Chico se perdia na noite com seus fantasmas'; 'Histórias mirabolantes', atos e efeitos semelhantes ao de um mágico' (ao se referir à fenômenos de materialização levados à efeito por Peixotinho), entre outros termos que destoam, e parecem revelar um riso irônico de alguém ainda muito cético que não acredita (talvez muito pouco) naquilo que presenciou, pesquisou e decidiu relatar.

Isto de longe torna o livro fastidioso, cansativo ou agressivo, dando mostras de ser escrito por alguém quase que obrigado. Não, longe disto. O livro é muito bom, mas poderia ser melhor se fosse, bem, melhor pesquisado e avaliado. Entretanto esta é apenas uma impressão que me ficou, e que espero não façam com que você leitor não desita de lê-lo.

É interessante compreender como aconteceu o primeiro Pinga-Fogo, a participação de Chico, a repercussão, a participação de Herculano Pires no debate. As reações de Padres e Bispos àquela desinformação causada pela divulgação do Espiritismo por um médium espírita a que permitia a Tv Tupi.

Como sucedeu o segundo Pinga-Fogo, as dificuldades de saúde de Chico durante toda a sua vida, sua luta interminável contra a idolatria que o seguiria por toda a sua vida, com gente se ajoelhando aos seus pés para beijá-lo, gente que pagava caro só para tirar uma foto com ele, que brigava, xingava, esperneava quando ele, cansado, com dores fortes causadas pelas suas doenças, tinha que interromper o atendimento ao público para descansar. As tentativas diversas de assasinato contra ele, as dificuldades e mentiras causados por quem desejava interromper sua missão, o desgaste causado pelas noites mal-dormidas, pelas frutrações com companheiros que se perdiam no exagero da crítica sem conhecimento de causa ou daqueles que se deixavam levar pelo interesse nos $$$ que o médium poderia proporcionar ao atender ricos e famosos.

Não ficou de fora a velha discussão sobre ser Chico a reencarnação de Kardec ou não. E aqui vai uma advertência: lembra o leitor quano mais acima levantamos a opinião sobre ter tido o autor pouco embasamento para elaborar a obra e fazer citações sobre textos espíritas? Nesta delicada questão, à qual Chico não quis se envolver, por motivos óbvios, o autor do livro afirma ser uma das coincidências o nascimento dos dois na mesma data: 2 de abril.

Vejamos apenas esta citação, pela sua importância:

Chico teria voltado ao planeta para pôr em prática as idéias defendidas
nos livros escritos por ele como Kardec. Algumas coincidências reforçaram a
tese defendida pela maioria dos amigosdo autor do Parnaso.
Chico nasceu em 2 de abril, mesmo dia da morte de Kardec. Em Obras
Póstumas, Kardec previa a própria volta para o fim do século passado ou início
deste. Chico nasceu em 1910.

Só uma coisa torna este relato incorreto: Kardec desencarnou no dia 31 de março 1869, e não no dia 2 de abril como o texto afirma. Observemos que pode ser somente um erro de data, algo que qualquer mortal como nós pode cometer. Ou pode ser uma desatenção de alguém que se incumbiu o dever de escrever uma biografia que deve pecar pela exatidão. Entretanto, este pequeno deslize também não diminui a obra. Do contrário, reforça em nós, o desejo de estarmos sempre alertas, prontos a exercer a análise e buscar comparar as fontes.

O livro caminha, assim, citando as confusões em que ele se meteu por começar a psicografar relatos de jovens mortos que eximiam seus colegas, amigos ou conhecidos da respectiva culpa por assassinato a que eram réus. Uma absolvição realmente do outro mundo!

Fatos como estes e outros são contados no livro e fazem valer o reais que se gastam para comprá-lo. E indico este livro a todos que desejem conhecer um pouco mais daquele que se auto-intitulava um 'Cisco' no mundo, alguém menor que um verme.

Boa leitura e bons estudos!