quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Fórum de Debates Espíritas em Pernambuco - 2009

Olá amigos e leitores, aproveito meu tempo livre para falar-lhes de um evento que ocorrerá nos dias 07 e 08 de Novembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, o Forespe - Fórum de Debates Espíritas em Pernambuco.

Este ano, ele traz um tema muito interessante e necessário para nós hoje: "REFLETINDO AS PRÁTICAS ESPÍRITAS NO SÉCULO 21".

Porque este assunto é importante hoje: pelo simples fato de que, dando um passeio por várias casas espíritas neste nosso Brasil imenso, poderemos perceber facilmente que há muitas coisas tidas como 'espíritas' dentro das paredes de uma instituição 'espírita'.

A FEB, numa de suas ações para auxiliar o correto entendimento da Doutrina dos Espíritos disponibiliza no seu site e através de campanhas e panfletos um texto explicando o que deve ser entendido como prática espírita. Incluindo o uso do estudo, da razão e do bom senso.

Entretanto, como enfatizava Herculano Pires na década de 70, "a grande propagação popular [do Espiritismo] criou um campo fértil para exploração dos aventureiros, ansiosos por firmarem a sua reputação de grandes entendidos do assunto, grandes médiuns e oradores de tipo anacrônico".

Há, ainda, muita reflexão, muito estudo, muita pesquisa a ser estimulada dentro do Movimento Espírita Brasileiro [ou MEB], quiçá, em outras nações onde ele ainda é incipiente.

Pois, quanto mais se populariza, mais ele é afetado por 'achismos', e tantas outras ervas daninhas semeadas em nossa terra. Há, conforme um livro do próprio Herculano Pires [figura ímpar na defesa dos princípios doutrinários e referência que deveria ser nos estudos espíritas por ser, conforme enfatizou Emannuel: 'o melhor metro que mediu Kardec'], chamado A Pedra e o Joio, em que ele enfatiza este trabalho de colheita 'seletiva' separando o joio do trigo. Entretanto, se fôssemos indicar algum livro dele como leitura, a lista seria longa, entretanto, O Espírito e o Tempo, Mediunidade, Introdução à Filosofia Espírita, Os Filósofos, Ciência Espírita e suas implicações terapêuticas, são alguns que devem ser lidos e estudados [após a codificação e Revistas Espíritas, claro], só para ficar em alguns dos mais importantes.

E é por isso que acredito ser válida, senão imprescindível, que aconteçam Fóruns de Debates Espíritas, como o Forespe, onde sejam abordados temas como este, pois precisamos dialogar e trazer novamente para nosso seio aquele espírito perquiridor tão notável em Kardec.

Para mim, que apesar de pouca, já possuo experiência com a tribuna, o que se faz hoje [com exaustivo enfoque nos temas 'evangélicos' ao se estudar o Evangelho segundo o Espiritismo] é se utilizar de um espaço e tempo para realizar sermões como os padres do passado ou para provocarmos reflexões?

Compreendemos o alcance do que o Espiritismo nos ensina em torno da caridade ou nos acostumamos a praticar o 'assistencialismo', mantendo, como li certa vez em um texto de Rosimere Kiss [expositora espírita pernambucana], três gerações de uma mesma família [avó, mãe e filha] numa rede interminável de dependência ao invés de auxiliá-las a conquistarem seu espaço e proverem a si mesmas, através das famosas cestas da 'campanha do quilo'?

E como entender essa assistência dada nas instituições espíritas como forma de promoção social, fornecendo não só o pão, mas ensinando a pescar? Com oficinas que auxiliem a dar uma formação profissional. Uma saída para isto, sem ficar oneroso para uma só insituição, seria criar-se uma rede de auxílio mútuo entre os CE's [Centros Espíritas] para que se pudesse criar uma instituição social com esta finalidade. Ajudando pessoas de comunidades carentes. É uma saída.

Outro sub-tema tratado no evento é a questão do sofrimento segundo o Espiritismo. Devemos calar a dor e seguir resignados nosso calvário, sem poder nem levantar a cabeça? Como entender esta possível [e falsa] 'apologia à dor'? Como funciona o processo educativo de Deus segundo a visão espírita? O que significa, realmente, a dor para o Espiritismo?

E as tão faladas práticas espíritas, seguem fiéis aos princípios espíritas? O que seria o nosso passe, hoje, para os espíritas? Seria mais uma panacéia destinada a curar todo e qualquer mal, até a ignorância? Em que estão firmados os seus princípios? Kardec defendeu e divulgou o Magnetismo como forma de cura? Teria o Passe alguma coisa a ver com o Magnetismo? E quando ele não cura, é culpa de quem?

E a desobsessão? Seu formato não atende mais à mentalidade do século 21, ou o problema seriam os espíritas que, mal formados e mal instruídos, começam a depositar nos outros [ou nos tratamentos] a parcela que lhe cabe no processo de mudança interior, ou para me servir de uma palavra em moda, da sua mudança de 'paradigmas'?

Teria algo de errado com ela, estando assim, ultrapassada, ou estaríamos nós julgando apressadamente, por uma observação incompleta? Seria o processo de doutrinação simples tentativa de catequização aos moldes jesuíticos do passado, ou seriam mais uma aplicação equivocada da possibilidade [e necessidade] de se dialogar com os Espíritos obsessores numa tentativa de lhe sensibilizar as fibras mais íntimas, auxiliando-o neste processo de mudança interior? Precisaríamos de quantas 'metrias' para entender o 'foco' principal da DE? Seriam elas, realmente, a mudança necessária?

Como podem observar meus caros leitores, um tema destes, se aproveitado da forma como imagino que vai ser, não é algo que deva ser ignorado! É uma oportunidade ímpar! Ou no mínimo, é uma ótima oportunidade de, ao menos, iniciarmos um processo de catarse no MEB e em nós.

E situações como estas podem ser observadas, principalmente, em instituições tidas como 'exemplo' para outras instituições tanto do interior, como da capital e de outras cidades em outros estados.

Há, ainda, muito pouca reflexão em torno de temas que muitos preferem não tocar por acharem ser extremamente polêmicos. Entretanto, para o espírita, a busca pela verdade deveria ser o foco principal, sempre amparado por larga pesquisa, tanto compulsando o material dos encarnados como dos desencarnados e dialogando com eles, numa prática esquecida e desvirtuada chamada: evocação.

Não como comumente se entende, mas como nos foi legada pelo nobre codificador. Entretanto, isto é assunto para outra oportunidade, e divagar sobre ele aqui seria fugir ao objetivo que me propus: divulgar um evento que julgo imperdível e necessário, quando centraliza a reflexão dentro dos princípios espíritas.

Bom, é isso. Mais abaixo, colarei os temas e sub-temas a serem tratados durante o evento e desejo que ele possa atingir não só as minhas expectativas, mas de todos aqueles que desejam ver o Espiritismo melhor compreendido e praticado não só no Brasil, ou em Pernambuco, mas em qualquer parte do mundo.

Abraços, bons estudos e boas reflexões!

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Anexo:

FORUM DE DEBATES ESPÍRITAS EM PERNAMBUCO - FORESPE 2009

"REFLETINDO AS PRÁTICAS ESPÍRITAS NO SÉCULO 21"

Dia 07/11/09
Tema: Comunicação Espírita: Monólogo ou Interatividade?
Subtema: 1. Tribuna Espírita: Do Sermão à Reflexão
Subtema: 2. O Espaço Espírita como Oficina do Construtivismo Moral

Tema: Centro Espírita: Hospital ou Escola do Espírito?
Subtema: 1. Revendo os Tratamentos Espirituais
Subtema: 2. Uma Proposta Pedagógica para a Casa Espírita

Dia 08/11/09
Tema: Caridade Espírita: Assistencialismo ou Promoção Humana?
Subtema: 1. A Política Nacional de Assistência Social – Uma Visão de Estado
Subtema: 2.Do Mero Assistencialismo à Formação Cidadã – Uma Visão Espírita

Tema: Conteúdo Espírita: Castigo ou Evolução?
Subtema: 1. Cultura do Sofrimento x Cultura da Felicidade
Subtema: 2. Amor: A Grande Mensagem da Evolução

Investimento: R$ 20, 00.

Paralelamente ao evento estarão ocorrendo o Foresteen e o Forespinho, destinado a atender ao público infantil e jovem. Dos 4 aos 18 anos. As inscrições para eles custam R$ 10,00.

E-mail para contato: forespe@hotmail.com.