quinta-feira, 1 de abril de 2010

Salve Chico Xavier!



No dia  2 de abril de 2010, se estivesse encarnado entre nós, o saudoso Francisco Cândido Xavier estaria completando 100 anos de vida. Um vida totalmente dedicada à Doutrina dos Espíritos e ao consolo de milhares de pessoas.

Nascido em 2 de abril de 1910, a partir dos cinco anos de idade começou a ver e ouvir os espíritos, dialogando com eles, inclusive com sua mãe, já desencarnada, que vinha consola-lo pelos maus tratos que recebia de sua madrasta. Recebia ali as primeiras lições de disciplina, que mais tarde Emannuel, seu espírito protetor, tanto lhe cobraria, além de indulgência e humildade. Desencarnou em 30 de junho de 2002.



Sua primeira obra, até hoje uma das mais contundentes provas da imortalidade da alma e da realidade da comunicação dos Espíritos conosco é Parnaso de Além-Túmulo, uma coletânea com 173 poemas de 32 autores, entre brasileiros e portugueses e que ainda provoca pasmo e incredulidade em todos aqueles que, descrentes e desconhecedores da realidade imortal do ser humano, se mantém esquivos aos estudos e pesquisas que fundamentam a realidade insofismável do Espírito.

Após esta diversas outras obras seriam lançadas, muitas até hoje verdadeiras pérolas para nossa reflexão diária, enquanto que, algumas, muito poucas mesmo, como Brasil, coração do mundo e pátria do evangelho, de autoria de um pseudo Irmão X [Humberto de Campos, renomado escritor brasileiro], são inegavelmente obras confusas, obra de espíritos dogmáticos, mistificadores mesmo, e que só foram aceitas como verdadeiras porque vieram pela pena de Chico Xavier, do contrário teriam sofrido a análise e rejeição naturais a obras contraditórias, como tanto ensinaram os Espíritos Codificadores a Kardec.

Ora, não sendo Chico o autor das obras suspeitas, nada há que se preocupar pois os verdadeiros autores, os espíritos que usurparam o nome de Humberto de Campos, é que deveriam se sentir acuados por serem analisados ponto a ponto em suas palavras, se isso fosse feito à época. E se acontece hoje, lamentamos que muitos tentem desprezar tal avaliação qualitativa só porque consta o nome de Xavier como médium.

Até porque, da mesma forma, ele nada tem a se glorificar das boas obras que psicografa, senão por se esforçar em ter ao seu redor, por suas atitudes, mais espíritos bons que maus, e que, não sendo o autor intelectual destas obras, não lhe resta senão expor para apreciação sem que lhe seja cabível melindrar-se com qualquer crítica que seja feita a tais obras. Pois é exatamente isto que nos ensina o Espiritismo. Qualquer dúvida é só pesquisar em O Livro dos Médiuns e nos volumes da Revista Espírita, de 1858 a 1869.

Muitas destas obras, as boas e irrepreensíveis, são coletâneas de filhos, irmãos, pais e jovens que, desencarnados, vieram dar o seu testemunho de sobrevivência, enquanto outros vieram inocentar amigos, parentes, réus acusados de crimes aos quais não tiveram a culpa que lhes era imputada. Outras sãs as escritas por André Luiz e Emannuel, no que se refere às questões evangélicas e sobre a conduta do espírita. Outras contado um pouco sobre a época de Jesus, a autobiografia espiritual do próprio Emannuel em Há dois mil anos, que narra o seu contato com Jesus, a obra Paulo e Estevão, que conta a vida do Apóstolo cristão, e tantas outras de conteúdo moral irrepreensível. Embora ainda caiba a nota de que, referente às obras de André Luís e de seus informes sobre a vida no mundo espiritual, é preciso resguardar-se de aceitar como verdade última e insofismável, verdadeiro retrato da vida do lado de lá. Não. Não foi isso que Kardec ensinou.

Outros livros, um em especial, o Na Hora do Testemunho, em parceria com o também saudoso jornalista, escritor, filósofo e professor José Herculano Pires, é um grito de alerta contra a tentativa de deturpação do Espiritismo, realizada, à época, sob a tutela da FEESP, no lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo, em edição adulterada, na década de 70.

Outras duas obras em parceria com Herculano Pires foram lançadas e, ao lermos as diversas cartas do Chico publicadas em Na Hora do Testemunho, percebemos que o querido médium não foi coagido a participar de uma empreitada destas à força, muito menos que se sentisse ameaçado, mas, simplesmente decidiu manifestar sua opinião de forma contundente, e demonstrar que não era um ser passivo, manipulado por qualquer um que falasse mais energicamente.

Infelizmente, em toda a sua trajetória, salvo em alguns momentos, Chico era mais assessorado por bajuladores e tietes, que desejavam tê-lo como ledor da sorte ou oráculo, ou uma alavanca para a autopromoção, do que por verdadeiros espíritas que, à semelhança do que fizera Kardec com os médiuns diversos que conheceu e conviveu em sua sociedade espírita, dava amplo apoio e auxiliava no estudo e avaliação contínuas de sua própria faculdade mediúnica bem como dos ditados que psicografassem. Muitos, até, se pudessem, o elegeriam 'santo', apontariam 'milagres' obtidos por preces feitas a ele, entre outras atitudes incoerentes com tudo o que ele representa, ensinou e exemplificou.

Entretanto, polêmicas à parte, mesmo a que ainda hoje movimenta Minas Gerais, a da famosa senha que ele teria deixado para saberem se é ele ou não quem envia informes do outro lado, a sua pessoa, a sua bondade, a sua caridade, a sua certeza de que o Espiritismo deve e precisa ser conhecido de forma aprofundada para poder ser corretamente divulgado, o exemplo de seu mediunato, são as lições que devem marcar de forma indelével a cada um de nós.

Hoje, são mais de 400 obras em 70 anos de trabalho mediúnico. Vendeu mais de 25 milhões de livros e doou toda a renda (toda) para instituições de caridade. Nunca ficou com 1 centavo de tudo o que produziu.

É com alegria que escrevemos estas páginas, curtas, polêmicas, saudosistas, em reverência a uma das figuras espíritas brasileiras mais importantes, não simplesmente por sua mediunidade, da qual ele não fazia motivo de autopromoção, muito menos para se autodenominar 'o maior', mas, pela sua humildade, bondade, serenidade e capacidade de passar horas consolando e ensinando sem se sentir impaciente, incomodado, em um verdadeiro exercício de amor fraterno. E ainda, pela sua constante defesa pelo correto estudo da Codificação e pela valorização do conhecimento espírita, pelos espíritas e em benefício da sociedade.

Salve Chico Xavier, que teu exemplo sirva para todos aqueles que 'dizem' serem teus seguidores, admiradores, 'amigos' e simpatizantes da Doutrina que a conheceram em virtude de tua personalidade ímpar.

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